jueves, 4 de octubre de 2012

No one changes the world without a fight


"In any use of politics to change society, there is the moment to unite and the moment to divide. What usually happens is that instead of the marriage of institutional imagination with a willingness to fight, we get lack of imagination providing an alibi for surrender, disguised as realism. The impersonal friendliness, the aloofness, the estrangement from the urgency of the moment, the craving for prompt and universal approval -- all these psychological characteristics, common among the professional politicians, provide cover for something much worse.

In this absence of structural vision and structural alternatives, in this abdication of the progressives, lies the tragedy of contemporary politics. The program of the would-be progressives has become to put a human face on the program of their conservative adversaries. Everything else is derided as radical fantasy. 

Politics is ultimately religious as well as practical. Without prophetic vision, assisted by courage, the enabling virtue, political activity remains impotent to change anything."
Roberto Mangabeira Unger

martes, 22 de mayo de 2012

lunes, 9 de abril de 2012

Decline in Style

Gabriel Saez - Artículo en Folha English version from Zocalo Public Square

martes, 3 de enero de 2012

A religião dos derrotados



O cristianismo não é, como supôs Nietzsche, a religião dos ressentidos. Mais razão teve Unamuno ao defini-lo como a religião dos derrotados. Vitoriosos, compreendeu ele, são os que se adaptam ao mundo, aceitando como horizonte a circunstância que encontram. Derrotados, de início, são aqueles que exigem que o mundo se adapte a eles. Desses derrotados, derrotados porque inconformados, depende o avanço da humanidade.

Se há sinal de que a vida não é o que parece ser é a carreira do cristianismo. Não há mensagem que contradiga mais o bom senso mundano do que a mensagem cristã. Ela surge de acontecimentos enigmáticos e paradoxais.

Um jovem judeu de periferia começa a ensinar um caminho de salvação. Intransigente e mal cercado, preocupa as autoridades políticas e religiosas, que se acertam para matá-lo. As expectativas que acalentou se frustram. Seus seguidores o renegam. Depois, sua existência e suas palavras são entendidas como prenúncios de vida maior para todos. Acabam virando diretriz de uma civilização que inventa mil maneiras de descarecterizá-las para poder domá-las.

O cristianismo recolheu do judaísmo a idéia da transcendência radical de Deus sobre o mundo e da supremacia da personalidade humana, feita à imagem e semelhança de Deus, sobre o bem impessoal. Há mais em nós -- mais em cada indíviduo e mais na raça humana -- do que há em todas as sociedades e culturas. Elas são o finito. Nós, em comparação com elas, somos o infinito preso no finito. Temos de quebrar os ídolos -- inclusive as instituições estabelecidas e as idéias reinantes -- para poder respeitar as pessoas, o espírito inexaurível enjaulado dentro de cada um de nós. Temos de construir idéias e instituições mais compatíveis com a condição do espírito.

A reafirmação da transcendência convive no cristianismo, entretanto, com a idéia que está associada ao Natal. O espírito se encarnou no mundo porque o espírito é amor. Embora transcendentes sobre o mundo, somos carentes das outras pessoas.

O mundo, porém, não está preparado para a primazia do amor porque no mundo cada um de nós está crucificado, em separado, na cruz das limitações que nosso destino social e genético nos impôs. Temos, por isso, de mudar o mundo, começando por transformar nossa relação com ele. Para isso, precisamos romper a múmia de rotinas e rendições que se vai formando em torno de cada um de nós. Desproteger-nos para poder imaginar o possível e aceitar os outros é a essência da sabedoria e o rumo da divinização.

No ambiente de semi-crença e confusão em que habitualmente vivemos, as fórmulas e os rituais da religião convencional não exprimem adesão a esse ideário. Servem apenas como encantamento para espantar o medo da morte e para compensar a incontrolabilidade da vida.

Melhor faríamos se rejeitássemos essa falsa religião, camada da múmia que nos sufoca, e passássemos, apóstatas intranquilos, a ver o ensinamento de Cristo como a doutrina desestablizadora que ele é. Melhor se, desprovidos do encantamento, tivéssemos de enfrentar o contraste, que o cristianismo nos revelou, entre o espírito ilimitado e a situação constrangedora. A hora da nossa apostasia seria o momento da nossa conversão. Isso sim seria Natal.

Roberto Mangabeira Unger